Do risco percebido à vantagem competitiva: por que a indústria precisa atualizar sua relação com os lipídios.
Durante décadas, as gorduras ocuparam o papel de vilãs na indústria alimentícia. Foram reduzidas, disfarçadas, eliminadas das fórmulas e também do discurso. O foco era cortar, substituir, negar. Hoje, esse enredo começa a mudar. E o motivo é direto: o problema nunca foi a gordura em si foi o desconhecimento sobre como ela funciona na formulação.
Como explica Ana Quiroga, Gerente de Inovação da Azelis | Vogler:
“As tecnologias relacionadas a gorduras não são tão simples. Conceitos como ponto de fusão ainda levantam dúvidas, assim como o impacto do teor de sólidos e das tecnologias de cristalização. Estes são pontos que ainda geram dúvidas.”
Na prática, não se trata apenas de usar ou não usar gordura. Trata-se de entender profundamente sua estrutura, seu comportamento e sua função dentro da matriz do alimento. Quem domina esse conhecimento deixa de reagir ao mercado e passa a liderá-lo.
Quando a regulação aperta, a tecnologia responde
O avanço das restrições às gorduras trans e o olhar cada vez mais atento sobre o teor de saturados redesenharam o cenário regulatório. Mas, longe de travar a inovação, esse movimento impulsionou a evolução tecnológica.
Nas palavras de Ana:
“A tendência global é, indiscutivelmente, a saudabilidade. As agências regulatórias vêm criando alertas sobre o teor de saturados e a proibição de gorduras parcialmente hidrogenadas que geram as gorduras trans. Neste cenário, a indústria se antecipou e desenvolveu tecnologias para atender a esses requisitos.”
Foi assim que processos como interesterificação e fracionamento de óleos vegetais ganharam protagonismo, substituindo a hidrogenação tradicional. O resultado são gorduras com melhor perfil nutricional, alta performance tecnológica e ausência de trans.
“O movimento da indústria foi incluir no portfólio as gorduras low sat e substituir os processos de hidrogenação pela interesterificação e pelo fracionamento de óleos, por meio de combinações de óleos vegetais que evitam a formação de gorduras trans nocivas à saúde”, completa.
Hoje, os lipídios são protagonistas técnicos da formulação
Na indústria moderna, as gorduras deixaram de ser apenas fonte calórica. Elas se tornaram elementos estruturais da performance do produto:
- dão corpo, cremosidade, maciez, crocância e definem o ponto de derretimento;
- garantem estabilidade, controle de cristalização e maior shelf life;
- entregam sabor, mouthfeel e experiência sensorial;
- apoiam reformulações limpas e claims nutricionais;
- viabilizam produtos alinhados às tendências plant-based, vegan e clean label.
Mas escolher a gordura certa vai além da ficha técnica.
“Parâmetros técnicos e percepção do consumidor são ambos importantes”, resume Ana.
Hoje, composição química, estabilidade térmica, origem, rastreabilidade e expectativa sensorial caminham juntas. A decisão deixou de ser isolada no laboratório e passou a ser estratégica para a marca.
De obstáculo nutricional a motor de inovação
O mercado já reagiu. E o consumidor também.
A proibição das gorduras trans avança globalmente. A reformulação virou exigência. Segmentos como nutrição infantil, produtos premium e clean label elevaram o nível de controle e transparência. Sustentabilidade deixou de ser diferencial e virou pré-requisito.
E, mesmo nesse contexto, a gordura continua no centro da experiência.
Como destaca Ana:
“Há muito espaço para crescimento. Gorduras entregam sensorialidade e prazer, e o consumidor reconhece que a gordura traz textura e auxilia na liberação de sabor. Elas são bem-vindas em produtos indulgentes como gelatos, chocolates, bombons e spreads. Basta notar o sucesso da avelã e do pistache.”
A mensagem é clara: não existe inovação real sem prazer sensorial. E a gordura é parte essencial dessa entrega.
Gordura como vantagem competitiva
Quando aplicada com critério técnico, inteligência regulatória e visão estratégica, a gordura deixa de ser risco e se transforma em ativo:
- acelera lançamentos,
- reduz retrabalho em P&D,
- fortalece posicionamento de marca,
- aumenta o valor percebido do produto,
- conecta indulgência à saudabilidade.
O que ainda impede parte da indústria de enxergar esse potencial? Falta de domínio técnico, insegurança regulatória e decisões guiadas mais pelo medo do que pela ciência.
O papel da Azelis | Vogler nessa virada
A Azelis | Vogler atua como elo entre ciência, mercado e inovação. Apoia seus clientes no desenvolvimento de soluções com gorduras e óleos de alta performance, considerando:
- origem e composição química,
- funcionalidade tecnológica,
- adequação regulatória,
- tendências de consumo,
- viabilidade industrial e escalabilidade.
Com portfólio especializado e suporte técnico estratégico, transforma antigos desafios em vantagens competitivas reais.
A indústria vive uma virada técnica
Gordura não é excesso. É desempenho.
Quando tratada com critério, inovação e inteligência técnica, ela:
✔ melhora formulações,
✔ acelera a inovação,
✔ fortalece marcas e
✔ responde às exigências globais de consumo.
A transição já começou.
A pergunta agora é simples: sua empresa vai liderar essa mudança ou apenas seguir?



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